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sábado, 7 de março de 2015

A enorme contradição na investigação sobre senadores do PT.


Vivemos em uma república e a princípio qualquer um pode ser investigado, desde que não vire perseguição. E isto nem seria problema se tivéssemos uma mídia razoável.

Nem chega a ser demérito uma pessoa pública ser investigada com transparência, se alguma dúvida for levantada por terceiros contra ela. Esclarece-se os fatos, afastando as suspeitas, e a honra da pessoa honesta continua intacta.

Dilma já foi investigada quando era ministra porque os demotucanos e parte da imprensa golpista inventou que ela teria mandado fazer um "dossiê anti-FHC" e o caso foi arquivado.

O senador Humberto Costa (PT-PE) já foi injustamente acusado de envolvimento na Operação Vampiro da Polícia Federal, e após ser investigado foi inocentado.

O problema é que não temos uma mídia razoável, e o simples pedido de inquérito vira quase uma condenação no imaginário popular.

Para sorte de petistas, o senador tucano Antônio Anastasia (PSDB-MG) também está sendo investigado e a TV Globo pisou no freio do linchamento, ao receber uma ducha de água fria quando viu dois queridinhos da mídia também investigados: o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL).

Vamos analisar o caso dos três senadores do PT que o Procurador Geral, Rodrigo Janot, decidiu abrir inquérito com base na delação premiada.

Não foi divulgado ainda a íntegra dos motivos pelos quais foi pedido abertura de inquérito, mas se corresponder ao que já foi vazado na imprensa nos últimos meses, dá para tirar algumas conclusões.

No caso de Humberto Costa (PT-PE), já falamos na nota abaixo. O caso de Lindberg Farias (PT-RJ) é muito parecido. Os argumentos da nota abaixo também valem para Lindberg.

Mas tem uma contradição curiosa. Uma hora o delator Paulo Roberto Costa diz que o PT teria uma porcentagem combinada sobre contratos com a Petrobras, sobretudo na diretoria de serviços. Ora, se tivessem essa facilidade toda garantida, então por que os candidatos petistas precisariam correr o pires pedindo doações de campanha na época da campanha eleitoral? A lógica não fecha e desconstrói as acusações contra o PT e contra os petistas.

No caso da senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) o doleiro Alberto Youssef disse que teria mandado R$ 1 milhão para a campanha dela através de um dono de shopping (que negou o fato). Pelo noticiário deu a entender que seria caixa dois. Gleisi negou haver caixa dois em sua campanha, o que é verossímil, pois depois do escândalo de caixa dois do mensalão, do jeito que o PT tornou-se visado, só louco para repetir o mesmo erro.

Mas tem outras curiosidades. A delação de Youssef foi devidamente vazada em plena campanha eleitoral. Youssef sempre operou para o PP e seu advogado é ligadíssimo aos tucanos, já tendo ocupado cargos no governo Beto Richa (PSDB-PR).

Gleisi disputava a eleição para governadora justamente contra Beto Richa, e a delação fez um estrago na votação dela. Para piorar, a vice-governadora de Richa é Cida Borghetti, que entrou no recém-criado PROS, mas até poucos meses antes estava no PP, onde seu marido, o deputado Ricardo Barros é o tesoureiro-geral.

Assim, foi muito conveniente Youssef detonar Gleisi, só na base da delação sem qualquer prova material, para reeleger Beto Richa e seus amigos do PP.

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